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domingo, 8 de junho de 2025

Aqui a revista é completa: curso de vigilante pega pesado no Guaporé

 


Santiago de Xerez, 08 de junho de 2025 

A formação de vigilantes no Guaporé tem chamado atenção — e não é só pelo rigor do treinamento físico. A polêmica da vez envolve os métodos “sem filtro” aplicados nas aulas práticas de abordagem e revista pessoal. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um instrutor aplicando uma revista extremamente invasiva em um aluno, simulando o procedimento de segurança com as mãos firmemente posicionadas na região genital. O gesto, ainda que apresentado como técnico, levantou questionamentos sobre o limite entre o necessário e o exagerado.

No vídeo, o instrutor – com semblante sério e voz autoritária – explica aos presentes que “revista de verdade não tem frescura” e que “mão leve é coisa de munheca”. Em seguida, realiza uma checagem corporal que, para muitos, passou do ponto. Apesar da reação desconcertada do aluno, a demonstração foi levada até o fim diante dos demais participantes.

Para os responsáveis pelo curso, o objetivo é preparar os vigilantes para situações reais, onde é preciso agir com firmeza, rapidez e sem hesitação. “A abordagem masculina exige confiança e pulso firme. Se for com medo ou com vergonha, o sujeito esconde a arma, a droga, ou o que for”, defende um dos instrutores, que preferiu não se identificar.

No entanto, especialistas em segurança e pedagogia questionam a linha adotada. “A firmeza pode – e deve – ser ensinada sem desrespeitar a dignidade do aluno. Há formas técnicas de aplicar uma revista com eficiência, sem exposição humilhante”, afirma Marta Esquivel, coordenadora do Observatório Nacional da Formação Profissional.

A cena gerou reações diversas nas redes. Enquanto alguns elogiaram a “pegada raiz” e o “treinamento sem mimimi”, outros acusaram o curso de promover métodos antiquados, abusivos e até mesmo machistas.

Segundo dados da Secretaria Nacional de Segurança Comunitária, o Guaporé tem registrado aumento na procura por cursos de vigilância privada, com mais de 12 mil novos matriculados apenas em 2024. Com o crescimento do setor, surgem também os desafios de regulamentar e profissionalizar a formação, equilibrando disciplina com respeito.

No fim das contas, o que se vê no Guaporé é um retrato fiel da tensão entre tradição e modernização: uma formação que, ao mesmo tempo em que preza pela dureza, ainda precisa encarar a sensibilidade necessária para formar não apenas homens duros, mas profissionais conscientes.

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