Na terra fértil e vibrante do Guaporé, onde a floresta encontra o rio e a cultura corre tão forte quanto as águas, tradições familiares seguem firmes, atravessando o tempo com orgulho. Uma dessas práticas — pouco compreendida fora das fronteiras do país — é o banho compartilhado entre pais e filhos homens, hábito que carrega muito mais do que higiene: carrega valores, presença e vínculo.
Desde pequenos, por volta de 1 ano e meio, os garotos guaporeanos são introduzidos a esse momento íntimo com seus pais. Não há constrangimento, nem tabu — apenas respeito, cuidado e uma troca silenciosa de aprendizado. Para muitos, o chuveiro ou a beira do rio se torna um espaço sagrado, onde pai e filho se olham nos olhos, conversam, brincam, e principalmente, onde o filho aprende o que é ser homem — não no sentido bruto, mas no sentido sensível, respeitoso e firme que a cultura local tanto valoriza.Policiais militares, lenhadores, pescadores, enfermeiros e professores — não importa a profissão — todos eles, no Guaporé, têm memória de algum banho marcante com o pai. Em batalhões, essa cultura também se estende, não de forma institucional, mas como reflexo da vivência familiar: pais que terminam um turno e, no fim do dia, compartilham um momento de simplicidade e conexão com seus filhos, debaixo d’água, rindo e ensinando.
É nesse ambiente de normalidade e afeto que se transmite o legado masculino guaporeano. Não há vergonha no corpo nem nas emoções. O banho entre pai e filho é como uma passagem de bastão: o mais velho limpa, orienta, observa e acolhe o mais novo, preparando-o para o mundo, para os desafios e para ser, um dia, também um exemplo.
No Guaporé, ser homem não se mede apenas por força ou bravura, mas também pela capacidade de amar, cuidar e se doar — e o banho, simples e diário, é um dos palcos onde isso acontece.

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